“Somos pela criação de uma consciência social poderosa, dinâmica e emergente, especialmente entre as mulheres, de modo a que elas se inspirem a se erguer, abolir os dogmas, aniquilar todos os símbolos de escravidão e inaugurar uma nova era de cooperação coordenada e gloriosas realizações. Que as mulheres sejam a vanguarda de uma nova revolução que a humanidade precisa para chegar a um amanhã glorioso”.       

(Few Problems Solved, part 9 in Pensamentos de P.R. Sarkar, p.250)

No último feriado de Corpus Christi, de 20 a 23 de junho de 2019, em Campinas (SP – Brasil) ocorreu o segundo encontro de mulheres em cooperação coordenada, de um movimento que tem como premissa reunir mulheres devotas de Baba independente de qual organização façam parte. É um movimento cocriado por várias devotas, no Brasil,  que já organizou algumas reuniões presenciais e online

A proposta do movimento é criar uma rede de apoio, discutir questões pertinentes às mulheres e formarem grupos de trabalho para a missão. A este último encontro presencial compareceram 23 mulheres (incluindo três didis) e cinco crianças. 

O encontro com meditação, asanas, kiirtan e kaoshikii, além de algumas palestras, teve a cozinha comandada por Iasodara Ruiz-Tagle e almoço fornecido pelo Raízes Zen. Enquanto isso, as crianças puderam contar  com a recreadora, Júlia Maria de Souza e Silva que fez toda uma programação educativa e sutil para as crianças. 

Quem abriu o encontro foi Radha (Rita Monte), que profissionalmente tem experiência com círculo de mulheres. Lembrou que naquele feriado ocorria o solstício de inverno e convidou para uma reflexão acerca das sementes que plantamos nos primeiros seis meses do ano. Houve também palestra sobre ginecologia natural que deixou gosto de quero mais entre as participantes. A ginecologista Daniela Dantas (Espaço Iris – Campinas) foi convidada e trouxe luz sobre assuntos como o excesso de exames desnecessários aos quais as mulheres são submetidas desde cedo e como lidar de forma natural com seus ciclos e sua fertilidade. 

A terapeuta Mahadevi (Lidiane Passos) trouxe um assunto denso para o encontro, as relações tóxicas, como pessoas narcisistas podem minar as relações.  Ensinou como detectar esse tipo de personalidade e como lidar com elas. Mahadevi nos falou feliz de poder participar do evento: “um movimento que eu sinto que vai crescer, que vai fluir e que a gente vai conseguir multiplicar muitos saberes e fazer algumas mudanças no sentido de união e liberdade, coisas essenciais que o feminino precisa muito”.

Outra palestra desse encontro foi com Kiranamayii (Camila Sissa Antunes) que trouxe mais uma vez o olhar sobre os ciclos femininos e uma vivência enriquecedora para as mulheres. Como participante do encontro ainda declarou “estou com a alma renovada pelos dias felizes, leves e sutis que vivi, obrigada pelo apoio, pela sintonia no cuidado compartilhado com o Davi (seu filho de 8 meses), obrigada pela empatia e cuidado com essa mãe ainda puérpera, obrigada pelas trocas de experiências, pelos abraços e afagos. Penso que esse lado afetivo nos consolida como grupo efetivo de luta pelo reconhecimento, fortalecimento e despertar de todas as mulheres”.

Renu (Renata Camargo), estudiosa do feminismo nos ajudou a pensar em que a filosofia de Baba pode contribuir e fez o grupo refletir e trazer ideias sobre como os yama e niyamas podem ser aplicados no movimento de mulheres.

Uma parte muito importante desse encontro, além das palestras que forneceram informações, dicas de leitura e vivências preciosas para as mulheres, foi a oficina mediada por Karuna (Carolina Scheibe) e Prashanti (Fernanda Koch) onde as pessoas se organizaram em grupos de trabalho e planejaram ações práticas.

Além de muito trabalho tiveram noites regadas a rituais, fogueira e show de talentos o que conferiu descontração aos dias dedicados a aprendizados, espiritualidade, trabalho interno e externo. 

Kumudinii (Camila Moura Marcon), fala um pouco sobre o que achou do encontro: “Sem dúvidas foi meu retiro mais lindo, suave e forte. As palavras não conseguem explicar os sentimentos que foram despertados! Que novas experiências entre grupos de mulheres sejam criadas e reverberem como uma onda tocando o coração de todas as irmãs deste planeta. Que a inspiração chegue as que já se encontram despertas, fortalecendo-as; e as que estão despertando tenham a força necessária para romper com o sistema castrador patriarcal que nos é imposto há tantos milênios. Que a gente se acolha e se nutra cada vez mais, uma segurando a mão da outra. Se todas tivermos consciência da nossa Força, Amor e Sabedoria o mundo será um lugar melhor de se viver”.

Surabhi (Mariah Balloni): “foi muito importante estar rodeada de mulheres. De mulheres fortes e entender que cada uma passa por seus processos, cada uma tem a sua vida, mas estão se propondo a expansão de consciência e ela é muito dura, a expansão da consciência, ela é muito difícil e quando você tem um acolhimento de outras pessoas e principalmente  de pessoas que te entendem mesmo como nós mulheres, quando você tem esse acolhimento parece que tudo fica mais fácil”.

Jyoti (Giuliana Leite): “Em meio às delícias e durezas, nos encontramos mulheres, e em uma sociedade doente, nos encontramos mulheres. Cada dia um desafio a cada uma, só por nos encontrarmos: mulheres. Nossa bela Mãe Terra, nos tocando em sentidos, saberes e intuições, e o intolerável patriarcado e suas fortes ou sutis opressões, nos fazem mais do que nunca, nos encontrarmos, nos reunirmos, mulheres. É um prazer novamente dividir delícias e durezas com irmãs que seguem o mesmo caminho que eu, dividir mantras e meditações, danças e canções, rodas de conversa, estudos, reflexões. Encontrarmo-nos, e entendermo-nos como mulheres. Entender nossos passados, e o nosso papel no futuro. Entender o que Shrii Shrii Anandamurti deixou claro e com delicadeza à nós, mulheres, e movermo-nos unidas, com nossas mentes juntas, compartilhando riquezas, delícias e durezas, de mãos ‘didis’, em cooperação coordenada. Jay!”. 

Por Jayanti (Joana Amaral)

Foto por Júlia Maria de Souza e Silva

Linha do tempo do movimento por Iasodora Ruiz-Tagle