Certa vez, com dois anos de idade, quando Prabhat estava dormindo ao lado da sua mãe, ele acordou tarde da noite e encontrou o espaço ao seu redor preenchido por uma luz doce e tranquilizadora. Uma sensação de arrebatamento o dominou até que perdeu a noção de onde estava. Poucas noites depois, acordou novamente e viu uma multidão de diferentes criaturas saindo de seu ouvido esquerdo. Fascinado, o garoto se sentou na cama e observou enquanto as criaturas dançavam pelo quarto. Porém, quando elas se agruparam perto do seu outro ouvido, e começaram a entrar novamente por este, a sensação foi tão assustadora que ele deu um grito e agarrou a mãe. Enquanto ela esfregava os olhos confusos e sonolentos, ele começou a descrever a multidão de criaturas que tinha visto saindo do seu ouvido: répteis, mamíferos, aves, insetos, seres humanos. Abharani o consolou, dizendo que era apenas um pesadelo, e o aconselhou a voltar a dormir. Porém, o mesmo sonho se repetiu várias vezes nos dias e semanas que se seguiram. Às vezes, o garoto acordava a mãe e a avisava para ter cuidado com as criaturas, pois ele ainda as via dançando ao seu redor no quarto.

Abharani se maravilhava com a imaginação fértil do filho. Ela se perguntava se era possível que o menino tivesse visto fotos ou imagens de tais criaturas, embora não houvesse esse tipo de livro em casa. Em outras ocasiões, ele via estrelas, planetas e galáxias saindo de seu ouvido, ao invés de criaturas vivas. À medida que os sonhos continuaram, passaram a ser um motivo de preocupação para ela. De vez em quando, ela se queixava com o marido e com os outros parentes e amigos que seu filho era um fracote, que tinha medo de pesadelos, em outras ocasiões, ela brincava com eles, dizendo que parecia que o universo inteiro estava saindo de uma orelha e entrando pela outra. Entretanto, com o passar do tempo, ela começou a procurar outras explicações e chegou a levar o garoto a diversos tântricos para ver se estes conseguiriam utilizar suas artes ocultas para dizer o que estava acontecendo com seu filho, mas nenhuma das explicações dadas por eles era suficiente para satisfazê-la.”

Trecho do livro “Histórias de um mestre tântrico”, de Devashish

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