Baba Nam Kevalam. Três palavras em sânscrito que surgiram para pulsar o coração de todos os seres animados e inanimados. Que se tornaram o núcleo irresistível que atrai devotos para a Ananda Marga. Cantadas em inúmeras melodias. Em todos os continentes do mundo. Em práticas individuais, antes da meditação. Em dharma cakras locais. Em pequenos e grandes retiros, com dezenas a milhares de pessoas repetindo-as em uníssono. No som do CD, da rádio online, do app de música, que toca no celular, no carro, no trabalho, em casa.

Quantos devotos relatam ter entrado na Ananda Marga por sentirem uma atração irresistível pelo som do Baba nam kevalam? O kiirtan, que significa “cantar o nome de Deus em voz alta”? Quantos devotos afirmam que uma das grandes ferramentas – em alguns casos, a principal – para eles se sustentarem na prática é ouvir, cantar, tocar kiirtan? Quantos devotos correm ávidos para o salão ou a roda debaixo da árvore onde se escuta alguém tocando e cantando? Quantos não gravam, compartilham, pedem, criam novas melodias, como quem caça um tesouro de riqueza incalculável?

O kiirtan é, certamente, uma poderosa ferramenta de pracar. E, por isso, Dharma for all Journal inicia, nesta edição, sua nova seção: #kiirtanforall. Nela, vamos compartilhar com vocês:

  1. A história do kiirtan: como surgiu, o que significa e os grandes marcos.

2. Perfis de compositores e tocadores de kiirtan, com música e vídeos.

3. Histórias devocionais relacionadas a ouvir, tocar e cantar kiirtan.

Além de outros temas, que vocês, leitores, também poderão nos sugerir.

Comecemos, então, como tudo surgiu. Como se deu o nascimento kiirtan?

O kiirtan, enquanto prática, é mais antigo que a Ananda Marga. Quem o popularizou foi o santo indiano Chaetanya, no século XVI, que trouxe para o mundo o hoje tão popular “Hare Krishna”. O kiirtan Baba nam kevalam, por sua vez, surgiu cerca de 15 anos depois de Baba ter fundado a Ananda Marga.

Até o ano de 1970, os devotos cantavam bhajans (canções devocionais) para Baba, compostas por eles ou oriundas de outros caminhos espirituais. Entretanto, no dia 08 de outubro, um acontecimento peculiar aconteceu, como relata o Acarya Ishvarakrsnananda Avadhuta, em depoimento recolhido por Devashish (Donald Acosta, de Porto Rico):

“Depois de muitos anos, no ano de 2007, eu fui a Daltonganj e encontrei alguns antigos amigos margiis, que estavam presentes quando Baba nam kevalam foi introduzido. Eles me disseram que, em primeiro lugar, Baba pediu a todos os presentes para escutarem o som.

Então, no começo eles estavam escutando a música do espaço. Algum instrumento estava tocando belamente. Baba disse: ‘escutem com mais atenção qual é o som que eles estão cantando’.  Eles disseram: ‘algo como Baba’. ‘Escutem com ainda mais atenção’. ‘É Baba nam’. ‘E escutem com ainda mais atenção’. Eles disseram: ‘é algo como Baba nam kevalam’. Baba disse: ‘sim, vocês estão certos. Este é o mahamantra. Agora vão e cantem e dancem’.

Então as pessoas começaram a cantar e dançar. De repente, o filho de Baba, Gaotam, gritou: ‘O carro de Baba está se movendo!’. Baba disse que era o efeito do Kiirtan. Até as coisas sem vida podem se mover com o poder do Kiirtan. De todo modo, o carro foi parado.

Eu visitei esse lugar sagrado em 2007. Esse lugar é conhecido como Amjharia. Meus dois amigos margiis Jaganath e Bajnath me levaram lá junto com o Acarya Prajinananda Avadhuta. Eu fiquei muito feliz de ver esse lugar. Agora, nesse lugar, eles estão fazendo kiirtan todo mês e distribuindo comida para as pessoas pobres e dirigindo uma escola para os pobres”.

Você conhecia essa história? Conhece outras? Escreva para journal@d4all.org.

Na próxima edição, compreenda as diversas traduções e ideações associadas a Baba nam kevalam.