“Eu estava procurando por respostas, eu estava procurando pela confirmação de que a reencarnação existe. Eu estava procurando pela esperança de que meus amados não me deixariam para sempre, que algum dia, em algum lugar, nós nos encontraríamos…meu coração estava doído. Eu estava procurando por um caminho que me levasse mais perto do Criador.”

Assim nos responde Laime, quando perguntada sobre o que ela estava procurando ao começar a assistir aos vídeos do programa Meditation Steps criado pelo Acarya Sadananda Avadhuta, nascido na Sibéria em 1978, atualmente em Barnaul, na Rússia.

Laime, cujo nome civil quer dizer felicidade e boa sorte, nasceu na Estônia e hoje tem 54 anos. Ela começou sua busca por algo que lhe devolvesse o significado da vida após perder seu filho, depois de uma luta incessante contra um câncer de estômago diagnosticado já em estágio 4. A perda sofrida lhe deixou extremamente vazia:

“Meu filho faleceu…fiquei com um enorme buraco no meu corpo, e todos os ventos do mundo foram capazes de passar…” diz Laime.

O método de meditação do dada Sadananda foi um dos instrumentos empregados por Laime na busca para ressignificar a vida, e a meditação lhe abriu a possibilidade de um grande aprendizado:

“…eu apenas senti como se alguém falasse a minha língua materna…

Parecia uma migalha no caminho para que eu encontrasse a minha paz…

Isso me trouxe de volta à vida – eu entendi que existe algo maior do que eu sou capaz de ver, compreender. Isso me tirou da tristeza e do lugar sem esperança, onde me encontrei quando perdi meu lindo e inteligente garoto. Isso me ajudou a ver de onde meus erros vieram, me deu forças para pedir perdão e me perdoar.

Eu sei com certeza que todas as coisas na vida têm um propósito maior, e nos é dada uma chance de ver isso, não necessariamente em circunstâncias felizes…

Tenho sorte de ter a chance de perceber e aprender as leis do universo.” Conta Laime.

O site Meditation Steps contém lições e um passo a passo de práticas espirituais. O canal do youtube dispõe de mais de quinhentos vídeos em russo e cerca de cinquenta vídeos em inglês. Alguns vídeos também podem ser vistos com legendas em português, feitas por Paritosh Hare (Fabrício Henrique Trindade), de São Caetano do Sul- SP – Brasil, com 37 anos, que inspirado pelo conteúdo do dada, resolveu traduzí-los:

“A ideia inicial de traduzir o material foi de uma amiga. Comecei a legendar para o português, pelo menos os vídeos que falam dos yamas e niyamas, a base de tudo. Queria facilitar que mais pessoas fossem inspiradas pelo dada.” Conta Paritosh.

É possível começar com o passo a passo ou assistir aos vídeos que mais interessam, para se motivar a cumprir o programa. Assim como Laime, usuários do mundo todo têm se beneficiado e procurado o dada Sadananda para falar sobre o método:

“As respostas têm sido muito positivas. Eu costumava ler e responder perguntas o dia todo… agora esse trabalho é feito pelos meus colegas que foram treinados para fazê-lo. As pessoas dizem várias coisas boas, como ‘o seu trabalho salvou a minha vida’ ‘encontrei novo sentido e força’, etc.” Diz o acarya Sadananda.

O dada começou o programa em outubro de 2013 como forma de inspirar mais pessoas a praticarem a meditação e a seguirem um estilo de vida senciente.  Tratava-se de uma estratégia efetiva de pracar. Sabendo que a mente humana leva tempo para mudar e para amadurecer, o dada Sadananda apostou na abordagem gradual e nas múltiplas possibilidades de contato com a fonte:

“Com satsanga diário (por exemplo, assistindo alguns vídeos) uma transformação sutil acontece em todos os extratos da vida e um homem comum pode se tornar um praticante da espiritualidade.” Explica o acarya.

Agora o dada Sadananda vislumbra novas possibilidades. Uma delas é expandir a temática e falar de saúde, família, educação, sociedade, vegetarianismo, economia e etc.  Outra ideia é transformar o processo de aprendizado de meditação em um jogo e em aplicativo para celular. O aplicativo por exemplo, deverá ter kiirtans, notificações sobre novos vídeos, um mapa do mundo mostrando os praticantes presentes, informações sobre retiros de margiis do mundo todo, além de uma rede social para sadhakas. No momento, o foco está em incentivar a participação dos praticantes em movimentos de kaosikii e kiirtan.

“Na maratona de kaosikii temos agora 700 pessoas na Russia participando. Logo, nós vamos lançar a maratona de kiirtan. Meu objetivo é ter 10.000 participantes praticando kiirtan por 30 minutos ao dia. Em meio ano nós atingiremos um milhão de horas de kiirtan.” Explica o dada.

Além de todo seu empenho com as gravações e edições dos vídeos e todas as atividades decorrentes, como administrar uma equipe, o monge ainda precisa arrumar tempo para participar de cerca de 20 retiros e iniciar em média 400 pessoas por ano.

A explicação do dada Sadananda para conseguir conciliar todas as atividades sem perder a motivação para inspirar mais e mais pessoas é também uma dica valiosa:

“O pracar é uma expressão de amor e compaixão. Quando a alegria te preenche a um ponto que você não pode mais guardar e quer expressar e compartilhar ela, você está colocando em prática o pracar. Essa habilidade chega quando você ama o mundo, quando você deseja o melhor para a humanidade e para a civilização. Você pode praticar o pracar quando você esquece de si próprio, esquece o que é importante ou interessante para você e foca nas necessidades do outro.

Você deve entender de onde vem seu ouvinte, quais são seus medos, suas crenças, aspirações, e você deve gradualmente o guiar a ideais cada vez mais altos, até que ele acolha a ideologia única e sublime.

O pracar é o mais importante na sociedade do presente, que tem todos os elementos necessários para atingir alegria e prosperidade. A tecnologia existe, os recursos existem, os cérebros existem, os corações existem, mas todas essas coisas são inúteis sem uma ideologia e filosofia de vida.

Apesar de ótimos professores, a humanidade foi incapaz de construir uma sociedade que honre seus nomes. Então hoje, são os pracarakas que adicionarão o componente faltante da ideologia e guiarão a humanidade da escuridão para a luz.”

O dada Sadananda ainda nos conta que aos 5 anos costumava ficar de cabeça para baixo, com as mãos apoiadas no chão e dizia a seu pai: “Olha, sou um yogue!”

Em um primeiro momento me vem a ideia de que ele já era um predestinado a ser um pracaraka.

Mas, ao ouvir Laime, entendo que essa é a função de todos nós, monges e praticantes espirituais:

“Quando eu tinha 4 anos, acho que foi a primeira vez que vi um documentário sobre a Índia e os iogues. Eu me lembro de ficar apoiada na minha cabeça e dizer para meus pais: ‘Olha, eu sou uma yoguini’.

Eu ri quando ouvi o dada Sadananda compartilhar sua história tão familiar.” Diz Laime.

Para saber mais, veja os links abaixo:

www.meditationsteps.org

https://www.youtube.com/channel/UCAv4LHSCXRoegzvAbwbZGoA

https://www.facebook.com/Passos-para-Medita%C3%A7%C3%A3o-Meditation-Steps-Brasil-2016842958330788/ 

https://www.instagram.com/meditation_steps/?hl=ru

Por Laksmii (Luciana Lima Lopes)